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O COLECIONISMO EM ITAJAI E A CRIAÇÃO DA ACRI – ASSOCIAÇÃO DOS COLECIONADORES DA REGIÃO DE ITAJAÍ

O colecionismo é uma atividade presente na sociedade itajaiense desde os seus primórdios e, nos últimos tempos, vem se fortalecendo como atividade que apresenta um misto de cultura, lazer e investimento. Entre os colecionadores antigos de Itajaí encontramos o nome de Joca Brandão [peças indígenas, religiosas e jornais], Joaquim Douwet Diniz [moeda e selo], Camilo Mussi [moeda, cédula, selo], Félix Eugênio Reichert [moeda, cédula, selo], Eduardo Schmitt [selo, cartão postal], Juventino Linhares e Arnaldo Heusi [jornal], João Amaral Pereira [brinquedo e diversos objetos do cotidiano]. Nos dias atuais podemos destacar os colecionadores: Marcelo Sagaz [camisa do Clube Náutico Marcílio Dias], Jules Soto [moeda, quadro], Carlos Guérios [moeda, cartão postal inglês], Manoel Castro Júnior [moeda brasileira], Fernando Humberto Delatorre [imagem e som], Dollor Silva [livro de Itajaí], Magru Floriano [livro de Itajaí, quadro de Itajaí], Eliezer Patissi [música], Edson d’Ávila [imagem sacra, quadro], Ari Garcia Miranda [documentos de Lauro Müller, cartão postal].

A atividade do colecionismo de iniciativa particular é um grande aliado das instituições públicas que tem como escopo a guarda da memória de nossas comunidades. Muitas das coleções particulares serviram como acervo inicial de algumas das mais importantes instituições de preservação como são os casos dos arquivos históricos e museus. Os Arquivos Públicos de Camboriú e Balneário Camboriú contaram com doações expressivas de Isaque de Borba Corrêa e Jurandir Knabben. O Museu de Azambuja contou com o acervo do itajaiense Joca Brandão. O Museu de Itajaí contou com os acervos de João Amaral Pereira e Marcos José Konder. O Arquivo de Itajaí contou com os acervos de colecionadores de jornais como Juventino Linhares, Arnaldo Heusi, Edson d’Ávila, Félix Fóes, Magru Floriano e muitos outros doadores anônimos. O Museu Oceanográfico da Univali contou com o acervo de Jules Soto.

O setor conta com algumas coleções temáticas que resistem ao tempo, como é o caso das coleções de moeda, selo, documentos, cartão postal. Algumas coleções desaceleram junto com o desuso de determinada tecnologia, como é o caso do cartão de telefone. Outras, sumiram sem sequer dizer porque, como são os casos das coleções de  flâmula, chaveiro e adesivo plástico para carro. A verdade é que as coleções sofrem a influência do seu tempo. Um exemplo atual é a coleção de gibi que passaram a englobar também os mangá japoneses. Apesar dos modismos, alguns aficionados mantêm fidelidade ao conceito original de sua coleção. É o caso de Carlos Poleza que mantém uma exemplar coleção contendo milhares de gibis. As novas gerações também estão presentes no mundo do colecionismo. Um exemplo é o jovem Jean Gabriel Ribeiro Lemes, com apenas cinco anos de idade, que coleciona exemplares de rochas e saiu de Porto Belo para participar da fundação da ACRI – Associação dos Colecionadores da Região de Itajaí, no dia 27 de abril de 2022, na Casa da Cultura Dide Brandão, em Itajaí.

Dois itajaienses chegaram ao maior posto do colecionismo catarinense: Camilo Mussi e Félix Eugênio Reichert. Camilo Mussi era reconhecido como grande colecionador de moeda, selo e cédula, mas, também, como um estudioso do colecionismo. Por isso mesmo, tem seu reconhecimento entre os colecionadores catarinenses até o dia hoje. Ele é o patrono da filatelia e numismática catarinense desde o ano de 1970, título reconhecido pela FEFINUSC – Federação das Entidades Filatélicas e Numismática de Santa Catarina, com sede em Florianópolis. Entidade que Camilo presidiu no biênio de 1975-1976.

Outro itajaiense, Félix Eugênio Reichert, foi “idealizador e fundador da AFINUBALCA – Associação de Filatelia e Numismática de Balneário Camboriú [1971], membro da American Numismatic Association (EUA), presidente da FEFINUSC – Federação Filatélica e Numismática de Santa Catarina [2008-2012] e membro do Conselho Fiscal [1984/ 1992], segundo secretário [1980/1984], dirigente da AFSC – Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina [2010-2011], membro e dirigente da Associação Filatélica e Numismática do Vale do Itajaí [2000].”  [Fonte: itajaipedia.com.br].

 

ACRI – ASSOCIAÇÃO DOS COLECIONADORES DA REGIÃO DE ITAJAÍ

 

O dia 27 de abril de 2022 vai entrar para a história do colecionismo de Itajaí e Santa Catarina como a data da fundação da ACRI – Associação dos Colecionadores da Região de Itajaí. A assembleia de fundação ocorreu às 19 horas, tendo como local o auditório Antônio Augusto Nóbrega Fontes da Casa da Cultura Dide Brandão, em Itajaí. Os colecionadores presentes, sócio-fundadores da entidade, elegeram a primeira diretoria que ficou composta por: Carlos Guérios – presidente; Jules Soto – vice-presidente; Eliezer Patissi – tesoureiro; Magru Floriano – secretário.

Os 26 colecionadores presentes à assembleia de criação são [por ordem de inscrição no livro de presença da entidade]: Magru Floriano, Eliezer Patissi, Richard Lopes Corrêa, João Luiz da Silva, José Nilo de Souza, Ricardo Patissi, Luiz Paulo Lechinski, Jean Paulo Lemer de Oliveira, Frederico Carlos Araujo da Silva, Gustavo Melim Gomes, Sydney Schead dos Santos, Edson d’Ávila, Leandro Vinicius Hahn, Carlos Alberto Costa Guérios, Valmir Vitorino Junior, Andréa Bernardo Vitorino, Eliseu Azevedo Salermo, Marcelo Sagaz Baião, Thomas Olquist, João Ricardo C. Silva, Gerson A. Mota, Jules Soto, Luis Ricardo da Silva, Antonio Carlos Pozatto, Manoel Castro Júnior, Eliana Maria Ferreira de Oliveira.

A ACRI tem como objetivos principais: orientar os associados sobre a organização de coleções; comercialização de peças – compra, venda, troca; promoção de eventos; participação em encontros e feiras em nível estadual e interestadual; ação educativa nas escolas; divulgação da atividade do colecionismo nas mídias; troca de experiências e informações; formação de banco de dados sobre fornecedores de peças e serviços.  A entidade foi fundada oficialmente no dia 27 de abril, mas há mais de seis meses um pequeno grupo vem se reunindo semanalmente para dar vida à entidade. Em um primeiro momento foi criada uma diretoria provisória, tendo como único objetivo a promoção da reunião de fundação e eleição da primeira diretoria oficial. A diretoria provisória era assim constituída: Presidente – Carlos Guérios; tesoureiro – Eliezer Patissi; secretário – Magru Floriano.

Estima-se que na Região da Grande Itajaí o colecionismo pode abranger mais de dez mil pessoas que selecionam e guardam objetos de brindes (caneta, chaveiro, flâmula, adesivo, caneca), bem como selo, moeda, cédula, cartão postal, disco de vinil e CD, livro, fotografia, brinquedo, máquina, obra de arte, miniatura, bicicleta, carro, documento, chapéu, cartão telefônico, revista e gibi, camisa de jogador, bola e troféu, rocha, prato decorativo, pin e botton … Praticamente tudo é colecionável, de latinha de cerveja a litro de cachaça, de jornal a gibi, de miniatura a carro de verdade.

 

A MINHA EXPERIÊNCIA DE COLECIONADOR

 

Eu comecei a colecionar muito cedo, antes dos dez anos de idade. A minha primeira coleção foi de amostras de rocha. Até hoje guardo na memória aquela coleção que foi abandonada quando meus pais transferiram residência do Bairro São João para o Centro da cidade de Itajaí. Não havia lugar para ela na nova casa, nem mesmo na garagem. Passados os anos, comecei a guardar exemplares de jornais, principalmente números zero e um. Um pouco mais à frente iniciei a formação da minha biblioteca de autores itajaienses.

Ao meu relacionar mais frequentemente com Félix Eugênio Reichert e seu parceiro de colecionismo Carlos Guérios, acabei criando ânimo para iniciar uma coleção de cartões postais de Itajaí. Por último, iniciei uma coleção de obras de artistas de Itajaí. A minha coleção de jornais de Itajaí sempre teve como objetivo suprir a hemeroteca do Arquivo Histórico de Itajaí. Sempre que tenho oportunidade faço doação à entidade. A primeira delas ocorreu quando herdei, na condição de repórter, quando da falência da empresa no final da década de 1980, de uma coleção completa do jornal A Nação. A segunda coleção doada era integrada por exemplares, do número zero ao 350, da Tribuna Itajaiense, editado pelo jornalista Paulo Camisotti. Tenho ainda em minha hemeroteca cerca de dois mil exemplares de jornais diversos, inclusive jornal feito à mão na década de 1940 e alguns ‘zines’ dos primeiros alunos do Curso de Jornalismo da Univali. Essa coleção está destinada a ser doada, na sua íntegra, à Fundação Genésio Miranda Lins.

Mais recentemente, 2019, doei ao Instituto Soto, responsável pela montagem do museu que está sendo montado utilizando o prédio da antiga sede do serviço de fiscalização do Porto, no final da avenida Prefeito Paulo Bauer, diversos objetos pertencentes ao marinheiro Odílio Garcia, considerado o herói itajaiense. Doei o rádio que utilizava ainda quando era embarcado em Santos, bem como duas canetas Parker e um isqueiro. Também foram doados fotos e documentos pessoais, além de um quadro assinado pelo artista plástico Walmir Binhotti. Antes disso, havia doado ao Museu Histórico de Itajaí uma tela assinada por Walter Smykalla que retrata a igrejinha da localidade de Matadouro – há muito demolida.

Então, essa disposição que tenho de doar coleções e peças às entidades públicas responsáveis pela guarda de acervos com relevância histórica (que encontro em muitos outros colecionadores) evidencia a parceria positiva que pode existir entre o privado e o público no setor da preservação da memória. Desde Joca Brandão que a paixão do colecionismo de particulares é decisiva para a composição dos primeiros acervos de instituições públicas. Essa parceria deve aumentar significativamente com a criação da ACRI uma vez que sua diretoria pretende fazer ações juntos aos estudantes visando a adesão à prática do colecionismo bem como a doação de peças com valor histórico aos órgãos públicos correspondentes.  [magrufloriano2008@gmail.com].