MAIS TECNOLOGIA MENOS EMPREGO

Magru Floriano

No dia cinco de abril de 2023 a Prefeitura de Itajaí apresentou os dois carros que passariam a ser usados na atividade de monitoramento do novo sistema público de estacionamento nas ruas do Centro da cidade. Conversando com os funcionários públicos responsáveis pelo projeto de monitoramento por câmeras instaladas nos veículos, notei o orgulho deles pelo uso da alta tecnologia e, a forma positiva como sentenciavam que os dois carros substituíam trinta e cinco pessoas. Os veículos passavam, filmavam e já enviavam a imagem para uma central, responsável pela expedição da respectiva notificação ao proprietário de veículo infrator.

O sistema de estacionamento nas ruas de Itajaí, elaborado pela empresa ‘Vago’, é todo digital. O carro passa em baixa velocidade, registra a placa do carro, confere se ele está inscrito no sistema e está pagando pela vaga. O motorista tem diversas opções para quitar a vaga que vai usar: a primeira é utilizar seu próprio celular, através de um aplicativo; a segunda é comprar um cartão no comércio local; a terceira é comparecer até um dos totens que a empresa instalou em diversos pontos da cidade e pagar em dinheiro, cartão ou pix – no celular.

Não tente encontrar alguém da empresa ou da Codetran para receber qualquer tipo de orientação. As pessoas sumiram. Elas não são necessárias e foram substituídas por carros, aplicativos, câmeras, Internet, cartões, totens … As poucas pessoas empregadas estão no volante dos carros e atrás das telas dos computadores aplicando as multas que você vai receber tempo depois pelo correio ou no seu celular, via aplicativo específico da ‘Vago’ ou da ‘Codetran’.

A máquina tudo vê e é implacável no cumprimento da lei. Inútil querer argumentar, porque não há mais com quem dialogar. Daí, eu começo a entender porque está se tornando mais frequente encontrar pessoas fazendo caretas e trejeitos em lugares públicos, dando sinais de alguma anormalidade psicológica e comportamental. São pessoas que estão reagindo, sadiamente, à vigilância implacável das câmeras. Ao notarem que estão sendo filmadas – no elevador ou na porta do edifício – fazem ‘caras e bocas’ para a máquina. As mesmas máquinas que estão ameaçando roubar-lhes os empregos.