Neste meado de agosto [2022], recebo um telefonema do professor Gilson convidando para o evento alusivo à passagem dos quarenta anos da fundação da Assipam – Associação Itajaiense de Preservação Ambiental. Contando com a liderança carismática e visionária do professor Amaro da Silva Neto, a instituição foi a pioneira no enfrentamento contra o progresso desenfreado e desmensurado que a Região da Grande Itajaí assiste há quatro décadas. Um pioneirismo, infelizmente, que não contou com muito apoio, e, sequer, conseguiu sobreviver por muito tempo. Pior, ao fechar suas portas ‘nada ficou no lugar’ e o progresso grassa ‘livre, leve e solto’ como se não houvesse amanhã. Assim, é fácil concluir que a ASSIPAM faz muita falta para as cidades da Região da Grande Itajaí.

No dia 09 de setembro de 1982 o professor Amaro criou oficialmente a Assipam, contando com a participação de muitos jovens que aceitaram o chamamento da luta ecológica contra o crescimento desordenado das cidades da Foz do Rio Itajaí, notadamente Itajaí, Navegantes e Balneário Camboriú. No ano seguinte, eu respondia pela direção cultural da Casa da Cultura de Itajaí [ainda não tinha o nome de Casa da Cultura Dide Brandão], e, na medida do possível, emprestei à instituição e ao movimento ecológico o apoio logístico necessário, inclusive sala para reuniões e confecções de cartazes. Muitos eventos foram realizados e a juventude respondeu com certa rapidez aos chamamentos do jovem professor Amaro. Assim, a Assipam experimentou um breve tempo de efervescência.

Entre debates, passeatas, trabalhos de conscientização nas escolas …. ficaram registrados bem forte na minha memória os históricos acampamentos promovidos pela Assipam tendo como local o entorno do antigo prédio que abrigava o Cassino do Clube Guarani, na Praia Brava. Uma área ainda preservada, de frente para o mar, que começava a sentir os primeiros efeitos da especulação imobiliária desordenada e tóxica. Eu fui o sócio de número setenta e cinco da Assipam e contribui com essa instituição enquanto funcionário público e cidadão.  Não foram poucas as vezes que recebi pressão para inibir a ação da juventude que peripateticamente se reunia em volta do professor Amaro, considerada ‘horda de malucos, baderneiros e marconheiros’. Muitos pressionavam para que a Casa da Cultura não desse guarida à juventude que ensaiava os primeiros passos na luta pela preservação ecológica na Região da Grande Itajaí. Um pioneirismo feito de incompreensões, pressões ilegítimas e muita discriminação por parte da elite político-econômica.

Não é de se admirar, portanto, que a Assipam sobreviveu apenas quatro ou cinco anos … preservando-se apenas nas memórias de seus jovens associados [agora cinquentões e sessentões] e nos anais da história regional como a entidade pioneira em pautar a ecologia no ambiente tóxico do desenvolvimento caótica de nossas cidades. O professor Amaro era um visionário e, por isso mesmo, ficou na história como o primeiro grande líder ecologista da Região da Grande Itajaí.