Magru Floriano

Itajaí está correndo um sério risco de se tornar mais uma cidade de cimento, como já vem ocorrendo com as cidades de Balneário Camboriú e Itapema. A facilidade como a Prefeitura decreta a derruba de árvores é espantosa e causa extrema preocupação a qualquer pessoa com um mínimo de bom senso. Não bastasse ter transformado a Rua Hercílio Luz em uma rampa de concreto-armado, a municipalidade colocou vasos de bonsais aqui e ali para disfarçar, aparentando ter algum verde em toda a sua extensão. Bem poderíamos denominar a principal rua da cidade de RUA DOS BONSAIS… porque o resto é cimento. Agora, anuncia uma reforma geral na Avenida Marcos Konder, retirando dela quase uma centena de árvores. Uma obra, diga-se, a bem da verdade, completamente desnecessária. Dinheiro público que poderia ser utilizado em obras muito mais úteis e socialmente desejáveis na periferia da cidade.

Rua Hercílio Luz passou a ser uma rampa de concreto-armado … sem vida.

Itajaí tem um histórico na questão ecológica que nos preocupa. As árvores sempre foram derrubadas sem o menor pudor. Quem lê um pouco sobre os tempos de antanho não terá muita dificuldade em detectar diversas ocasiões em que as árvores foram derrubadas em nome do progresso, não tendo a devida compensação ecológica. Foi assim nas diversas reformas ocorridas na Praça Vidal Ramos no tempo que Irineu Bornhausen era o prefeito e, foi assim também, com a Avenida Joca Brandão e rua José Eugênio Müller – na Vila Operária. A Avenida Joca Brandão e a Rodovia Osvaldo Reis perderam árvores e plantas para dar lugar às palmeiras, árvores sem sombras que cumprem apenas designíos estéticos. Está viva na minha memória a derrubada das figueiras para dar lugar ao Terminal de Ônibus da Fazenda …. 

O pior de tudo é perceber que a Prefeitura, o poder público, é o péssimo exemplo a ser seguido pela iniciativa privada. Ela derruba árvores frondosas e planta palmeiras ou bonsais, promove terraplanagem e terraplenagem em locais como o Saco da Fazenda, canaliza o Ribeirão da Caetana e autoriza construção sobre o mesmo, não tem uma política definida para preservar áreas com nascentes para captação de água potável, não olha com atenção a ocupação das margens dos rios e ribeirões, legaliza loteamentos feitos em grandes áreas de margem de rio e baixios antes utilizados na plantação de arroz irrigado, colocando a vida e o patrimônio de milhares de pessoas em risco constante, como é o caso dos loteamentos Santa Regina e Portal…..

Temo em dizer, dado o histórico aqui levantado de memória, que as centenas de árvores da Avenida Marcos Konder não serão as últimas a serem derrubas na cidade. O cimento e o asfalto tomarão conta de tudo e, depois… bem, depois, vem o choro e a lágrima, com a natureza simplesmente querendo sua parte de volta. Já que não aprendemos nada com as enchentes de 1983 e 2008, será que temos capacidade de aprender com o que está acontecendo no Rio Grande do Sul?

CHEGA DE CIMENTO E BONSAIS. QUEREMOS ÁRVORES!